O PROCESSO.
Hoje o dia estava até mais claro.
A chuva tinha parado depois de três dias de um aguaceiro como nunca tinha se visto naquelas redondezas.
Durante todo esse tempo a cidade de Água Branca praticamente parou. Todo pessoal, ficava dentro de casa aguardando o chuvareu passar. Cidade pequena, sem grandes novidades, fazia pouca diferença perder dois ou três dias na semana. A meninada achava bom. Ficavam sem aulas. Até porque o teto da escola, como sempre precisava de reforma. Não adiantava ir na escola.
A principal preocupação era com o rio. Cidade ribeirinha. Todo ano a ameaça de cheia era uma constante.
Fiquei estirado na cama esperando mais um pouco para ver a definição do tempo. Se chovia ou o sol realmente voltava com vontade. Nesses dias, no consultório tinha dado pouco movimento. Só alguns "gatos pingados" como dizia a população. Mas estavam mais pra molhados.
O tempo realmente firmou. Resolvi levantar de debaixo das cobertas e sair à rua. Caminhando desviando das possas de lamas, para não sujar as calças brancas, de repente olhei pra uma pessoa que vinha muito zangada, resmungando alto e com os punhos fechados levantava acima da cabeça. Era seu Zequinha. Prefeito da cidade. Conhecido por seu temperamento mal criado. Perguntei a ele:
____Bom dia. O que aconteceu Prefeito?
____A " mísera " da chuva estragou o aterro da Estrada, derrubou os bueiros, a água invadiu as casas populares da Vila sicupira. Pra completar derrubou três postes. Como sempre os cofres do município estão vazio para socorrer a população. Liguei lá na Secretaria da Capital, disseram que dinheiro estava mais difícil do que achar agulha no palheiro. Xinguei todo mundo lá. Mas fazer o que?
estou indo no fórum da Capital abrir um processo contra Deus e pedir uma indenização para o Bispo.
Falou isso na maior seriedade e entrou no carro da Prefeitura rumo a Capital.
Até hoje não sei se o Juiz sentenciou a seu favor.
Felix Chaves
Enviado por Felix Chaves em 19/05/2018
Alterado em 04/09/2021