O BOSTA DE BOI.
Brincadeiras na infância se tornam marcas na memoria.
Quando passamos o inicio de nossa vida , em pequenas cidades do interior, as formas de divertimentos são bastantes peculiares. Principalmente quando a infância remota há muito .
Existia na cidade em que fui criado, um vendedor ambulante. Andava pelas ruas, com seu carrinho de mão, oferecendo frutas e verduras, de porta em porta.
Sujeito baixinho, atarracado, com características típicas de Nordestino nato, aqueles de sangue quente e com respostas agressivas , na ponta da língua.
Antes de ser vendedor ambulante, trabalhou na limpeza de um Matadouro Municipal. Fazia a limpeza do local. Lavava todo o pátio, principalmente a parte em que os gados ficavam a espera do abate.
O cheiro de estrumes era impregnador . Mesmo depois de um banho, Ceará como era conhecido, ainda ficava com aquele cheiro característico, tendo em vista que não era muito chegado a uma limpeza corpórea adequada.
Voltava para casa à tarde , onde passava o pessoal sentia aquele odor característico.
Por causa disso recebeu a alcunha de "CEARÁ BOSTA DE BOI". Não é necessário dizer a raiva que tinha desse apelido.
Quando passava na rua a meninada gritava:
__ EI CEARÁ BOSTA DE BOI.
Ele chegava quase a enfartar.
A raiva era tanta, que fez com que ele desistisse do emprego. Foi quando se transformou em vendedor ambulante.
Mas quem disse que a meninada esqueceu o apelido.
Quando passava vendendo seus produtos ouvia os gritos da molecada:
__Ei CEARÁ BOSTA DE BOI. Lá vai o Bosta de Boi.
Ele como bom cearense, irritado rebatia:
__É a tua mãe, filho da puta. Tua mãe já saiu do Cabaré? Teu pai é corno.
Como se não bastasse, ainda jogava as frutas que vendia na garotada , que disputava as mesmas. Isso fazia com que a situação se repetisse todo dia.
E todo dia era igual. Meninada gritando atrás do velho Ceara.
Não aguentando mais Ceará mudou de cidade
E nunca mais se ouviu falar no CEARÁ BOSTA DE BOI.
Felix Chaves
Enviado por Felix Chaves em 02/10/2017
Alterado em 28/12/2021